quinta-feira, 2 de agosto de 2012

À medida que avançam os dias


Naturalmente que alguns costumes angolanos me são estranhos. O óbito é uma destas questões. O ritual para velar os mortos é bem diferente do nosso. Na rua onde fica a casa que estive em Kuito presenciei dois velórios. Um rapaz de 17 anos que morreu de acidente e uma jovem mãe que teve complicações pós parto. As pessoas ficam dias e noites na casa do falecido; há festas e comidas. 

Outro assunto que me chama a atenção é a poligamia; por aqui é uma prática comum (um homem casado com duas ou mais mulheres) e torna-se um problema grave, principalmente pela disseminação de doenças e controle de natalidade, além, é claro, das desavenças familiares.

Conheci uma jovem chamada Iris, mesmo nome da minha mãe. Uma moça amável, inteligente e linda. Nasceu no Kuito, é filha de um português e uma angolana. Mas, como ela mesma diz, é fruto de uma traição. Seu pai tem mais dez filhos e sua mãe tem seis, ambos não moram juntos, cada qual tem uma família. Enfim, ela não é totalmente negra e por isso sofre preconceito. É discriminada por muitos angolanos, que rotulam os variados tons de pele, têm preconceito com os brancos e com os chineses.

Iris é uma jovem que se destaca das demais, apesar de ter sido abandonada pela mãe e criada um pouco pela avó, um pouco pelo pai, tem uma consciência brilhante. Voltou recentemente da Republica Tcheca, onde fez um intercâmbio de seis meses e está constantemente em busca de algo que lhe torne uma pessoa melhor. Levou-me para conhecer um pouco mais da cidade, e me deixou a par de uma série de situações que sozinha e neste curto espaço de tempo eu não teria capacidade de conhecer. 

Bem, a medida que avançam meus dias nesta jornada, vou me inteirando da cultura de Angola. Sinto-me como uma esponja, quero só absorver. 

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