sexta-feira, 3 de agosto de 2012

A viagem de volta


Saí de Kuito no dia 02 de agosto às 6h15 da manhã. A viagem de volta foi tão cansativa quanto a de vinda. As pessoas estavam impacientes e reclamando. A música era muito alta e estávamos saindo com uma hora de atraso. A maioria dormiu ali no ponto do ônibus, ou acordou por volta das duas da madrugada para garanti lugar.

As irmãs Graça e Adilma que moram e trabalham no Kuito me fizeram companhia até a partida. Percebi que o centro da cidade está bonito, mais a periferia é uma coisa de outro mundo. Conheci pessoas muito boas em Kuito e pretendo voltar várias vezes.

Ouvi dizer que este era o melhor ônibus. Do meu lado não sentou ninguém por um bom trecho. Novamente, eu era a única estrangeira na lotação. Passamos pelo Thissiondo, um bairro pobre que tive a oportunidade de conhecer. Neste bairro a Irmã Adilma trabalha  e a Irmã Carmelita deixou um legado quando por lá passou. A escola está sendo construída com ajuda da população. Um esforço coletivo, lindo de se viver!
Bem mais experiente, hoje tentei pegar um bom lugar, ao lado da janela. Fui uma das primeiras a entrar, mas essas janelas só podem abrir um pouquinho. 

O motorista parecia bem tranquilo, estava torcendo para que continuasse assim, mas minha intuição na falha. Tinha uma rapaz que desde que saímos falava muito alto e queria chamar a atenção o tempo todo. As estradas são perigosas, com apenas duas vias bem estreitas. As pessoas aqui andam muito rapidamente e eu pedia a Deus que me guiasse. Em Angola é muito comum acidentes automobilísticos. Estava com sono e dor de cabeça, e para variar atrás de mim tinha um casal de idosos que não parava de falar, e bem alto na língua local, que eu não entendia nada. Perturbador.

Ainda tinha o moço que não parava de falar, tirou o motorista do sério e eles discutiram.  O condutor então resolveu andar devagar e a viagem durou 4 horas a mais que o previsto, foi muito cansativa, conflituosa e chegou uma hora que nem a beleza da paisagem me empolgava.

Estava triste por ter apagado mais de 500 fotos que tirei da cidade, mas, tudo tem uma razão de ser e ficarão nas lembranças as coisas que vi e as pessoas lindas que conheci. A companhia da irmã Adilma, o entusiasmo do Padre Bernardo, a missa celebrada no dialeto Humbundo, a inteligência e simpatia da Iris e a receptividade  do povo...

Enfim, estou descobrindo muita coisa. Ah, há sim “galinhas angolistas” em Angola. Em Kuito são chamadas de Capote. Contaram-me também que estes ônibus aqui são sucatas brasileiras que foram reformadas e trazidas para a África. 

feira à beira da estrada: os passageiros dos ônibus são os clientes


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